terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Desfiliação de Almir Gabriel divide opiniões na AL
Um dia após a divulgação pelo DIÁRIO da desfiliação do ex-governador Almir Gabriel do PSDB, partido que ajudou a fundar, o clima entre os tucanos era uma mistura de luto e indignação. Luto entre os que lamentavam a saída daquele que ainda é considerado um dos maiores líderes da legenda no Estado. Indignação com trechos do comunicado em que o ex-governador acusa o partido de ter se afastado dos princípios “políticos e éticos” que alicerçavam a legenda.
As deputadas Suleima Pegado e Tetê Santos foram as que mais demonstraram tristeza. Amiga de longa data do ex-governador, Suleima não escondeu ter chorado ao saber da notícia. “Você acha que eu estou com essa cara inchada por quê?”, indagou. “Fiquei muito triste. Para mim, Almir Gabriel é o grande líder. Foi ele quem nos ensinou a fazer política, sem ódio, sem rancor, com seriedade e ética”, declarou.
Tetê Santos disse ter aprendido com o médico Almir Gabriel até noções de primeiros socorros. “Essa saída em nada vai diminuir meu sentimento de gratidão por ele”. Para Ítalo Mácola e Manoel Pioneiro, a decisão não chegou a ser surpresa. Embora tenham ressaltado a importância de Gabriel na construção do PSDB do Pará, os dois lembraram que ele já havia se despedido da política após as eleições de 2006. “Temos um sentimento de perda, mas já sabíamos que ele deixaria a política partidária porque quando partiu de Belém (em 2007) disse que não queria mais ser um operador da política. Queria apenas discutir os grandes temas”, afirmou Mácola.
A resposta mais ácida a Almir veio do deputado federal Zenaldo Coutinho, que classificou a atitude do ex-governador de deixar o partido de contraditória.
“As palavras ofensivas desdizem a trajetória do doutor Almir no PSDB”, disse o deputado, lembrando que Almir havia declarado que só seria candidato tucano ao governo em caso de não haver acordo entre Mário Couto e Simão Jatene, o que acabou ocorrendo após dez meses de disputa.
Almir Gabriel anunciou a saída do PSDB no último domingo, mesmo dia em que os tucanos comemoravam com festa na Assembleia Legislativa o anúncio da pré-candidatura de Simão Jatene ao governo. “Nenhuma razão de ordem pessoal ou política é maior que a decisão unânime daqueles que estão no dia-a-dia da política no Pará”, completou o deputado federal.
O líder do PSDB na Assembleia, José Megale, disse que ainda tem esperanças de que, num outro momento, Almir retorne ao ninho tucano. “Não existe mágoa de nenhum de nós em relação a ele”.
Megale afirmou, contudo, que “com Almir ou sem Almir, com Jatene ou sem Jatene, o PSDB será sempre um grande partido”.
>> PT trataria melhor aos seus
O assunto repercutiu também entre outras bancadas. O líder do PPS, Arnaldo Jordy, que apoiou Almir Gabriel na última eleição, classificou a desfiliação como “um desfalque para o PSDB”.
“No que pesem as nossas divergências, as virtudes e os defeitos, o Almir foi, no essencial, um político bom para o Estado. Foi um bom prefeito e talvez um dos últimos grandes senadores que o Pará teve”, disse Jordy, lembrando que o ex-governador foi senador Constituinte e, como tal, relator de capítulo da ordem social da atual Constituição Federal.
O petista Carlos Bordalo leu o comunicado de Almir publicado ontem no DIÁRIO na Tribuna da Assembleia e questionou: “o doutor Almir deve uma explicação à sociedade paraense. O que fez o PSDB para que ele considere ter se desviado dos princípios éticos?”.
Bordalo disse ter ficado surpreso com a “forma como está sendo rejeitado o fundador do PSDB”. “O Almir morreu? Onde está enterrado? A maneira como falam dá a entender de que se trata de um cadáver”.
Aos jornalistas, Bordalo ressaltou que o PT trata os seus muito melhor. “Nem o Delúbio foi tratado por nós dessa forma”, declarou, referindo-se ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, expulso da legenda acusado de ser um dos principais operadores do mensalão. (Diário do Pará)
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