segunda-feira, 18 de março de 2013

Tacacazeiras viram patrimônio cultural


Tucupi, goma de mandioca, camarão e jambu. Tudo junto dentro de uma cuia. Para qualquer paraense, identificar o produto da mistura é fácil. O tacacá, um dos representantes máximos da culinária típica do Estado, é herança dos povos indígenas e símbolo de nossa identidade cultural.

Agora, de acordo com a Lei Nº 8.979, promulgada em três de janeiro deste ano, as responsáveis por manter esta iguaria, que tem a cara do Pará, foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial de Belém. A lei, assinada pelo presidente da Câmera Municipal de Belém (CMB) vereador Paulo Queiroz, veio para reconhecer a importância cultural da atividade das tacacazeiras para o circuito turístico brasileiro.
Marco Antônio Caetano, 45 anos, militar, serviu na Amazônia há vinte anos, ouviu falar, mas não chegou a provar o tacacá. Agora, morando em Belém há pouco tempo, aproveita para colocar as degustações em dia almoçando no Ver-o-Peso. “O tacacá é uma delícia, fantástico. Diferente de qualquer coisa que existe no resto do Brasil”, comenta.
Para o militar, o novo título dados às vendedoras irá ajudar a promover ainda mais a cultura do Estado. “A culinária do Pará é riquíssima, mas ainda é pouco divulgada no sul. Sem dúvida, com essa nova lei, a propaganda vai ser maior”, observa.
Espalhadas nas esquinas da cidade, as barraquinhas de tacacá costumam atrair clientes fiéis. No final do dia, quando o sol baixa, é difícil encontrar um banquinho vago nas vendas mais famosas. No entanto, uma experiente vendedora que trabalha com o produto há 53 anos garante que não há hora certa para tomar o tacacá. “Mesmo quando o sol tá quente, aqui, o pessoal se dana a tomar. De madrugada, depois da chuva... É toda hora”, conta Maria Lívia Rodrigues, 74 anos, mais conhecida como dona Carioca.
GOSTO
A tacacazeira que passou a vida trabalhando em um dos principais pontos turísticos da capital, o mercado do Ver-o-Peso, explica que há visitantes que estranham o aspecto da iguaria.
“O pessoal olha meio desconfiado, acha exótico. Mas, depois de um tempo, eles provam, adoram e querem repetir”, afirma. Segundo dona Carioca, que esclarece que é paraense e herdou o apelido da mãe, os japoneses são os que mais apreciam o prato. “Menino, eles adoram, tomam tudinho”, diz.
O tacacá da dona Carioca custa R$ 10. Ela explica que o preço fica um pouco salgado porque o camarão, do bom, encarece o valor final. O segredo para atrair clientes, de acordo com a vendedora, é investir na qualidade do tacacá para atrair clientes.
“O meu tucupi é grosso, consistente. Tem muita gente por aí vendendo tacacá que é só água, aí não tem condições”, critica. Para a tacacazeira, a nova lei ajudará a atrair ainda mais turistas e é motivo de orgulho. “É um dos principais pratos da nossa culinária. Quem não provou, tem que provar um dia”, completa. Diário do Pará

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