"Repudiamos a criminalização de
atingidos e lideranças que lutam contra a construção da barragem de Belo Monte".
O Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB) vem através desta, manifestar seu repúdio e indignação frente à
criminalização dos atingidos e lideranças que atuam na luta em defesa da vida,
da água, das florestas e dos povos na região impactada pela construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte.
Comprovadamente, a prática do grande
capital e do Estado brasileiro tem sido construir estes projetos a todo custo,
em nome da acumulação e mercantilização dos recursos naturais e da expropriação
de tais recursos para poucos. Enquanto isso, os atingidos não tem prioridade no
tratamento das questões sociais, muito menos de acesso à energia e às riquezas
geradas. E quando se levantam em protesto, questionando tais projetos e
reivindicando seus direitos negados, esse mesmo capital e o Estado os
criminalizam.
O uso da violência e da repressão, e
a intimidação através dos mandados de prisão são mecanismos usados pelas
empresas, que se utilizam do aparato estatal, principalmente da “Justiça
Brasileira”, como forma de coibir e proibir que os atingidos expressem suas
insatisfações.
Isso tem sido rotineiro, e já
aconteceu nas barragens de Barra Grande, Campos Novos, Foz do Chapecó, Jirau,
Santo Antônio, Estreito e muitas outras. Muitas lideranças em todo o Brasil,
até hoje respondem a dezenas de processos criminais e em Tucuruí, em 2009, 18
atingidos foram presos por que estavam lutando por seus direitos negados há
mais de 25 anos. Esse é só um exemplo no tratamento dos atingidos no país.
O que está acontecendo em Altamira é
mais uma prova de que a prática de tentar calar a voz do povo e criminalizar as
lideranças fere os princípios da democracia que prima pelo direito do povo de
fazer a luta contra as barragens e a luta por seus direitos.
Nós, do Movimento dos Atingidos por
Barragens, defendemos a livre manifestação do povo, pois entendemos que a luta
é legítima e faz parte do processo de conquistas. Também repudiamos toda e
qualquer injustiça cometida contra os atingidos e as lideranças que tentam, com
muito esforço, organizar o povo e fazer a luta por direitos.
Consideramos que os verdadeiros
culpados pela violação dos direitos humanos em Belo Monte e em todas as demais
barragens são as empresas construtoras e o Estado brasileiro.
Por fim, reafirmamos nosso
compromisso de continuar na luta dos atingidos por barragens e na defesa de
lideranças das diferentes organizações que estão lutando dia a dia junto com o
povo.
Belo Monte para quê e para quem?
Água e energia não são mercadorias!
São Paulo, 26 de junho de 2012
Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB) - Brasil
Enviada por email por Raione Lima.
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