Se o Pará não ampliar e modernizar sua cadeia logística,
viabilizando a construção de estações de transbordo de cargas ao longo de suas
hidrovias, de novos terminais nos portos de Vila do Conde e Santarém e, não
menos importante, do superporto marítimo do Espadarte, em Curuçá, o Estado
estará perpetuando no presente o subdesenvolvimento e comprometendo o seu
próprio futuro.
A advertência foi feita pelo senador Jader Barbalho ao
comentar com a imprensa o teor de correspondência por ele encaminhada esta semana
ao senador Eduardo Braga, seu correligionário do Amazonas e relator da Medida
Provisória 595/2012, a chamada MP dos Portos. No ofício a Eduardo Braga, Jader
propôs alterações em dois artigos do projeto de lei de conversão elaborado pelo
relator (PLC 09/2013), destacando que elas tocam em questões vitais para o
desenvolvimento do Pará.
“O assunto é de fundamental importância para o meu
Estado”, afirmou o senador, chamando a atenção para as repercussões da matéria
sobre a economia paraense pelo fato de ela conter disposições que influirão
decisivamente na sua logística de transporte, notadamente na questão das
hidrovias e portos.
Uma das alterações propostas por Jader Barbalho diz respeito
ao artigo 15 do PLC, que trata da definição da área dos portos organizados e ao
qual foi acrescentada a expressão “vedada a exclusão de área”. Observou o líder
do PMDB do Pará que, mantida essa vedação, pelo que avaliam técnicos com larga
experiência no setor portuário, ficará gravemente comprometido o plano de
expansão do porto de Vila do Conde, no município de Barcarena. “Esse
dispositivo [a vedação à exclusão de áreas] impedirá a implantação de diversos
projetos em Barcarena, notadamente os necessários terminais de grãos”, alertou
Jader Barbalho, acrescentando que a construção de novos terminais é
imprescindível para fazer da região Norte, em termos logísticos, uma
alternativa atraente para o escoamento da superprodução da região Centro-Oeste.
O recurso a essa nova estrutura de transportes também vai
permitir, conforme frisou o senador, o atendimento da potencial produção do
Pará, em áreas já abertas – e portanto sem necessidade de desmatamento
adicional – capazes de produzir entre três e dez milhões de toneladas de soja e
igual volume de milho.
Como exemplo, ele citou a região que tem como polo o
município de Paragominas, onde a área plantada e os níveis de produtividade vêm
experimentando crescimento contínuo, sendo a atividade monitorada e conduzida
de forma sustentável e responsável. “Caso venha a ser mantida a vedação já
citada, serão abortados os investimentos em pelo menos três terminais de grãos
hoje projetados para Barcarena e que deverão atender aquela região”,
acrescentou.
Nessa hipótese – classificada por ele de “inaceitável” –, o
Pará terá que usar a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Itaqui, em São Luís
do Maranhão, para escoar a sua produção de grãos, quando o normal, segundo
Jader, seria usar para esse fim a hidrovia Capim-Guamá e os terminais de
Barcarena.
INVIABILIZADOS
As consequências danosas da vedação para a economia do Pará,
porém, vão ainda muito além, conforme advertiu o senador Jader Barbalho. Ele
disse que, dos cinco terminais fluviais de grãos projetados para construção no
distrito de Miritituba, no município de Itaituba, quatro poderão se tornar
inviáveis, já que as estações fluviais de transbordo só se justificam se houver
a possibilidade de operação para navios transoceânicos em Barcarena e no porto
de Santana, no Amapá.
Destacou o senador que todas as previsões dos últimos 15 anos
sobre produtividade, produção total, volumes destinados à exportação e cotação
internacional de commodities agrícolas foram sempre amplamente superadas por
larga margem. O número de 20 a 25 milhões de toneladas/ano, que embasa as
projeções atuais, segundo ele, será considerado provavelmente conservador
dentro de pouco tempo.
Outro aspecto a ser levado em conta, conforme frisou o
senador, é o fato de que a saída ao sul da Ilha do Marajó oferece a vantagem de
maior profundidade. Enquanto nos terminais de Barcarena podem ser carregados
navios com até 14 metros de calado, conforme estudo recente referendado pela
Marinha do Brasil, a calha principal do Amazonas, que abrange Manaus,
Itacoatiara, Santarém e Santana (AP), só comporta navios com calado máximo de
11,6 metros. A limitação é imposta por extensa barreira já em alto mar no delta
amazônico, o que impede o uso do potencial máximo de carga dos navios típicos
de grãos. “Daí”, acentuou o senador Jader Barbalho, “a necessidade de ampliação
da cadeia logística da região Norte e a imprescindível maximização do porto de
Barcarena para utilização plena do seu potencial”. Afinal, conforme enfatizou,
Vila do Conde oferece a vantagem de calado combinada com o acesso fluvial por
comboios das três hidrovias principais do Pará – Madeira, Tapajós e Tocantins –
e mais uma auxiliar, a hidrovia Capim/Guamá.
Fragilidades foram apontadas na MP
Outra mudança proposta pelo senador Jader Barbalho ao texto
do relator da MP dos Portos visa alterar a redação do artigo 59, que trata da
exploração de instalações portuárias dentro da área do porto organizado (APO).
Ele observou que, no relatório proposto pela comissão mista,
com aval do governo, foi estabelecido o dia 31 de dezembro de 2012 como sendo a
data “de corte” a partir da qual valeria a proibição de terminais privados em
APO. Em nova redação dada ao projeto de conversão, a data “de corte” foi
antecipada para 6 de dezembro.
Novamente, conforme frisou o senador, entre os prejudicados
por não terem protocolo anterior à data agora fixada estarão importantes
projetos no Pará, incluindo-se entre eles terminais de grãos no porto de
Barcarena e estações fluviais de transbordo em Miritituba, no município de
Itaituba.
Jader Barbalho observou ainda, na correspondência dirigida ao
seu colega Eduardo Braga, que a leitura atenta do texto da MP 595/2012 e do PLC
09/2013 lhe permitiu identificar a possível origem de algumas fragilidades contidas
no novo marco regulatório setorial de hidrovias e portos. É que a proposta do
governo não evidenciou, segundo ele, as diferenças entre terminais de
contêineres, de derivados de petróleo, de minérios, de granéis vegetais e de
passageiros, o que, de acordo com o senador, “seria adequado para a clara
definição das regras para cada segmento portuário”. Fonte, site de Jader Barbalho.
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