Por mais que o acesso à informação esteja muito maior nos
dias de hoje, muitos pais têm dificuldades na hora de falar sobre sexo com as
crianças. Muitos fazem questão de serem os principais responsáveis por instruir
seus filhos sobre assuntos ligados à sexualidade.
A partir dos cinco anos a criança começa a famosa fase dos
"porquês". Perguntas como se.. beija (e querem se beijar na boca), como
se faz um bebê ou por onde eles entram na mulher ou, ainda, por onde eles
nascem, são perguntas que devem ser elucidadas.
É nesta fase que, na opinião de Breno Resostolatto, professor
de Psicologia da Faculdade Santa Marcelina - FASM, é essencial que os pais
expliquem o que se passa, sem pressa e sem a exigência de informar tudo para o
filho, deixando claro que essas coisas pertencem ao mundo dos adultos e farão
parte da vida do filho no futuro.
"Evite explicações mirabolantes e fantasiosas. Use a
linguagem infantil e lúdica, que ilustre o nascimento e a gravidez, a
importância do filho para os pais e enfatize o amor da família pela criança,
para que ela se sinta acolhida", orienta. A alusão à sementinha que sai do
pênis do pai e entre na vagina da mãe pode ser usada sem problemas.
É importante também os pais falarem o nome correto dos órgãos
do corpo humano. Breno alerta que apelidar os genitais reforça o papel machista
e até mesmo de agressividade. "Basta fazer uma comparação entre termos
como ‘pau’ e ‘pererequinha’. Além de agressivo, denota que ‘pau’ é mais forte
que ‘pererequinha’ e, subliminarmente, a informação que fica é: homens são mais
fortes que as mulheres."
A criança, à medida que cresce, vai descobrindo e
reconhecendo o próprio corpo. Neste momento começam as curiosidades sobre o
corpo dos adultos. Ao pedirem para tomar banho com os pais os pequenos passam a
conhecer mais quem é a mãe e o pai e os têm como espelho.
E este pode ser um bom momento para uma conversa sobre as
diferenças entre o homem e a mulher, uma vez que esta criança percebe que o pai
tem um pênis e a mãe, não. E mais uma vez o psicólogo ressalta: a diferença
deve ser explicada sem criar estereótipos ou enaltecer um sexo ou outro,
evitando, assim, sustentar os preconceitos e o machismo. As diferenças entre os
meninos e meninas são fisiológicas, mas todo o resto deve ser respeitado.
É natural as crianças se tocarem e manipularem os órgão
genitais. É um momento importante para conhecerem o corpo e descobrirem
sensações agradáveis. Mas para os pais estas atitudes causam constrangimento e
potencializam a resistência de uma conversa. "Frases como ‘tira a mão daí
que machuca’, ‘isso é sujo’, ‘isso é feio’ ou ‘é pecado’ em nada educam e podem
trazer dificuldades sexuais no futuro. Esse moralismo só reprime a criança e
pode distorcer o sexo como algo pecaminoso ou perversivo", diz Breno.
Por isso, os pais não
devem oprimir ou proibir o comportamento. O aconselhável é dizer que, apesar de
prazeroso, o ato não pode ser feito na frente dos outros, mas em momentos
apropriados, como na hora do banho. O psicólogo lembra que também não há mal algum
nas brincadeiras que ajudam a reconhecer o corpo do outro, como brincar de
médico, desde que as crianças envolvidas tenham a mesma idade. O problema é a
participação de crianças com mais idade, pois a malícia é outra.
Para os pais que têm
dificuldade em iniciar uma conversa sobre sexo com as crianças, os livros
ilustrados podem dar um bom suporte, assim como boas pesquisas na internet e
filmes educativos. E cuide para que elas não acessem sites pornográficos ou
fiquem expostos em chats de bate-papo. "As crianças precisam aprender
desde pequenas a conhecer e respeitar seus corpos, e terem clareza de que
ninguém tem o direito de manipulá-las, machucá-las ou forçá-las a qualquer
comportamento sexual", finaliza Breno Resostolatto.
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