Um costume dos
espanhóis virou alvo de estudos: a famosa siesta, ou seja, aquele soninho
gostoso depois do almoço que tanto nos revigora.
Um time de
psicólogos e neurocientistas do Allegheny College, nos Estados Unidos,
constataram que os benefícios do sono diurno auxiliam na recuperação
cardiovascular. Em testes com seres humanos, notaram que o estresse teve o
impacto negativo revertido mais rapidamente depois de um período de sono.
“Outros trabalhos já demonstraram que descansar após o almoço diminui a pressão
sistólica”, confirma o cardiologista Marco Antônio Gomes, do Departamento de
Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ele se refere ao número de
maior valor que aparece registrado no aparelho de medição.
Ou seja, para dar
mais embasamento nesta tese, outro especialista da área complementa “Quando
dormimos, há redução da atividade simpática, o que relaxa os vasos e diminui os
batimentos cardíacos”, explica o pneumologista especialista em sono Pedro
Genta, do Hospital do Coração, em São Paulo.
Segundo Genta, em 45
minutos conseguimos atingir as três fases do sono. Assim temos tempo suficiente
de ele se aprofundar a ponto de proporcionar vantagens ao nosso corpo.
Mas é importante
lembrar que é no escuro da noite que o cérebro libera um hormônio fundamental
para que consigamos dormir profundamente: a melatonina. “Uma venda nos olhos ou
um quarto escuro ajudam a simular o descanso noturno, potencializando a ação
positiva da sesta (sic)”, ensina Marco Antônio.
No entanto, mesmo
com tantos pontos benéficos para a nossa saúde, há restrições da sua prática em
pessoas com alto risco cardiovasculares, como diabéticos obesos e fumantes. “Há
um estresse ao despertar, que intensifica a coagulação e a descarga de
adrenalina, acelerando o coração”, avisa Gomes. Há outro lembrete de extrema
importância: “O cochilo pode diminuir a duração do repouso à noite, gerando
sonolência e fadiga no dia seguinte, o que faz a pessoa sucumbir à sesta (sic)
novamente, entrando em um círculo vicioso”, diz a neurologista Dalva Poyares,
do Instituto do Sono, em São Paulo.
O importante é
lembrar que realmente temos essa “moleza” após o almoço e ela é uma necessidade
natural do organismo. “Durante a digestão, a circulação sanguínea se concentra
na região visceral”, explica Gomes. E isso resulta numa carência de
abastecimento no cérebro e no coração que trabalham mais lentamente e aí, não
tem jeito, a sonolência vem e nos domina mesmo. Ou seja, temos um motivo
fisiológico para sentirmos esse sono vespertino.
Outro benefício do
sono depois do almoço:
quem pode dormir uns
90 minutos à tarde tem sua capacidade de memorizar aumentada. É o que diz o
pesquisador Avi Karni, da Universidade de Haifa, em Israel: “Quando dormimos
depois de uma tarefa de leitura, por exemplo, as áreas cerebrais responsáveis
pela consolidação da memória permanecem ativas”, diz Karni. Ou seja, essa
região do nosso cérebro fica totalmente ligada ao registro da leitura feita
antes de dormirmos, sem interferência do mundo externo que sempre acabam por
tirar a nossa atenção quando estamos em alerta acordados.
E quem come muito
durante o almoço, pode fazer a “siesta”?
Até pode, só que com
certeza sentirá um mal-estar já que o conteúdo estomacal pode retornar ao
esôfago. Assim fica a dica: durma aquele soninho gostoso à...
tarde, mas
contente-se com uma refeição mais leve e evitará, desta forma, aquela incômoda
azia ou enjoo.
E tenha uma boa
siesta!
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