A presidente Dilma Rousseff foi vaiada nesta terça-feira, 15,
ao afirmar aos prefeitos participantes da 15ª Marcha a Brasília em Defesa dos
Municípios que deveriam lutar pela distribuição de royalties do petróleo “de
hoje para frente”, e não pelo que já foi decidido sobre o assunto.
Durante o pronunciamento, Dilma prometeu retroescavadeiras a
municípios, defendeu uma “parceria respeitosa e produtiva com Estados e
municípios” e comentou o cenário de crise econômica internacional.
Perto do fim, porém, os prefeitos começaram a cobrar uma
declaração de Dilma sobre royalties. “Royalties! Royalties!”, gritavam,
cobrando da presidente esclarecimentos sobre os pedidos para a divisão dos
royalties entre os municípios.
A partir de então, a presidente começou a demonstrar
irritação. “Vocês não vão gostar do que eu vou dizer”, respondeu Dilma.
“Petróleo vocês não vão gostar. Então eu vou falar uma coisa, não acreditem que
vocês conseguirão resolver a distribuição de hoje para trás. Lutem pela
distribuição de hoje para a frente”, disse ela, encerrando o discurso
abruptamente, enquanto os prefeitos se dividiam entre aplausos e vaias.
Dilma já vinha sendo cobrada pelos prefeitos desde o início,
com o discurso do presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo
Ziulkoski. “Vejo o Congresso há anos debatendo a reforma política, há anos
falando de reforma tributária e eu diria que precisamos fazer a bisavô das
reformas, que é a reforma da Federação. Enquanto isso não for feito, vivemos um
estrangulamento federativo”, afirmou Ziulkoski.
Dirigindo-se à presidente, acrescentou: “Tenho a certeza que,
como dizia o presidente Lula, ‘quero chegar ao final do meu mandato e passar
uma fita métrica’, saber o que evoluiu, o que não evoluiu, o que não melhorou.
Tenho certeza que na sequência a senhora também tem esse objetivo. E estamos
aqui para ser parceiro, mas para ser parceiro às vezes precisamos dizer alguma
coisa”.
Ziulkoski também cobrou a sanção do Código Florestal, tal
como aprovado na Câmara dos Deputados, e questionou a distribuição dos
royalties do petróleo: “Não existe município nem estado produtor. O que tem é
conflitante. Duzentos quilômetros de extensão, o que aquele Estado fez (para
ter o petróleo)? Aquilo é nosso, da União, é de todos, não é produtor coisa
nenhuma”, disparou.
O presidente da CNM questionou como está sendo feita política
de construção de creches públicas no País, que estaria sobrecarregando as
contas municipais. “Só nós estamos gastando. Um cálculo de um custo de R$ 600
por criança, estamos colocando do orçamento do município R$ 400. Vamos colocar
por ano mais de R$ 4 bilhões, como vamos fazer isso?”. “O que existe hoje
Estado e União é montaria, não parceria”, concluiu. Fonte: Estadão
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