Sebastião Ramos, 82 anos, morava em uma propriedade rural em
Araxá-MG, cujo nome era “Fazenda Cachoeira”. Dali cunhou-se o apelido que
carrega até hoje: Tião Cachoeira.
Quando JK ousou construir Brasília, Tião Cachoeira, como
centenas de motoristas de caminhões, começou a transportar o barro de Minas
Gerais até o Planalto Central: a Novacap erigiu os palácios do DF com o barro
das Minas Gerais.
De Araxá-MG a Anápolis-GO
No fervilhar da imigração à nova capital Tião trocou Araxá
por Anápolis, largou o volante do caminhão e passou a ser vendedor ambulante.
Foi quando descobriu um negócio que mais lhe rendia que as quinquilharias que
vendia: apontar o jogo do bicho para o “Pintadinho”, tradicional bicheiro
daquelas bandas.
No final dos anos 60 Tião Cachoeira já tinha as próprias
bancas. Dos 14 filhos quem mais “deu para os negócios” do pai foi o Carlinhos,
que herdou o aposto, ficando conhecido como “Carlinhos Cachoeira”.
De bicheiro a “empresário do jogo”
“Menino” de fácil trato, esperto e discreto, Carlinhos foi
comprando as bancas do Pintadinho e acabou se tornando o senhor absoluto dos
jogos no Goiás.
Nos início dos anos 90, quando Maguito Vilela (PMDB) se
elegeu governador, Carlinhos deu o pulo do gato: ganhou a concessão da Loteria
do Estado de Goiás, transformando-se no leão do pedaço.
Diversificando os negócios
No final dos anos 90, com a chegada de Marconi Perillo (PSDB)
ao governo de Goiás, Carlinhos transformou-se no maior “empresário de jogos” do
Centro-Oeste e ampliou os negócios a la Michael Corleone, investindo o dinheiro
ilícito em negócios, pelo menos formalmente, lícitos: transformou-se em um
diversificado empresário, concentrando suas atividades no Distrito
Agroindustrial de Anápolis e em uma empresa de factoring.
Metendo-se com políticos
Mas Carlinhos resolveu trilhar pelos escaninhos da mais perigosa
atividade humana desde que Eva mordeu a maçã: a política. Passou a financiar
políticos para deles se valer na operação e ampliação dos negócios.
Deu no que se vê: o relatório da PF acusa Carlinhos de
comandar “dezenas de políticos, empresários, desembargadores e policiais”. Tem
até um religioso na procissão: um tal Frei Valdair, que recebia benesses, quem
sabe, em troca de remição de pecados.
R$ 1 bilhão
O Marquinhos Cachoeira, que toma conta da factoring, vinha
avisando Carlinhos, há três anos, que ele estava se envolvendo muito com
políticos e esse “pessoal não é flor que se cheire”.
Marquinhos tem confidenciado a amigos que nos “últimos anos”
contabilizou cerca de R$ 1 bilhão que Carlinhos teria repassado para “esse
pessoal”.
É... mas a Delta, retruco eu, nesses mesmos “últimos anos”
recebeu do Governo Federal e de mais alguns estados da Federação, cerca de R$ 8
bilhões.
Mas isso é outra história: eu conto amanhã.
Fonte, Blog
do Parsifal. Escrito a partir da leitura de reportagem de o “O Estado de
S. Paulo, edição de 22.04.2012 .
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