terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O papelão de Amazonino Mendes

A situação: o dia seguinte após a morte de três pessoas causada por um desmoronamento de terra em uma comunidade de Manaus considerada área de risco. O ato: em visita na área, o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), responde à tragédia de uma maneira impensável, ao dizer a uma  moradora que não tinha para onde ir: “Minha filha, então morra, morra.” Registrada pelas câmeras da TV Amazonas, a discussão repercutiu nos quatro cantos do Brasil. Mas afetou ainda mais aos paraenses, com a sequência do diálogo, quando o prefeito pergunta a origem da mulher e, ao ouvir que ela é paraense, retruca: “Então pronto, está explicado.”

 
Segundo reportagem do jornal “A Crítica”, a moradora, identificada como sendo Laudenice Paiva, é separada, mãe de sete filhos e saída de Belém há três anos. A discussão começou quando o prefeito disse que as pessoas da comunidade ajudariam a prefeitura “não fazendo casas onde não devem”. Foi quando Laudenice retrucou: “Mas a gente está aqui porque não tem condição de ter uma moradia digna”. O prefeito respondeu: “Minha filha, então morra, morra”. A moradora respondeu que, se era assim, “então vamos morrer todos”. É neste momento que o prefeito, ao questionar sua origem, exibe o preconceito. Quando ela responde ser paraense, ele responde enfático e com desdém: “Então pronto, está explicado”.

 
Também de acordo com matéria de “A Crítica”, a Secretaria Municipal de Comunicação de Manaus explicou em nota que “a discussão se acirrou porque inicialmente o clima emocional era muito forte diante das fatalidades e os moradores se recusavam em sair do local de risco”. De acordo com a secretaria, Amazonino “fez um ‘apelo incisivo’, pelo risco de morte dos moradores.”

 
A nota ainda descreve que “o problema das ocupações irregulares em Manaus foi agravado pela intensa migração ocorrida nas últimas décadas, agravadas pelo desconhecimento dos moradores que se alojam em áreas de risco como beira de ribanceiras e fundos de vales”. Segundo a nota, foi isso que Amazonino Mendes enfatizou.

 
SEM DINHEIRO

Na madrugada do último domingo, a dona de casa Joelza da Silva Coelho, 28, a filha dela, Izabele Coelho, 3, e a sobrinha Natália Coelho, 2, morreram soterradas no desabamento de um barranco em Manaus. Amazonino Mendes reconheceu que o condomínio em construção pela prefeitura não é suficiente para abrigar todas as famílias que moram em áreas de risco e que não há dinheiro para retirar rapidamente os moradores desses locais.

 
REPERCUSSÃO

No site do DIÁRIO Online (DOL), que publicou ontem o vídeo da discussão, o caso se tornou a notícia mais comentada do dia. A maioria dos internautas, paraenses ou amazonenses, criticou fortemente a conduta do prefeito. Moradores de Manaus diziam-se envergonhados com o próprio representante e comentavam a postura desrespeitosa que Amazonino Mendes tem mantido em sua gestão. Sagila Maria, amazonense, disse que jamais concordaria com esse tipo de comentário preconceituoso. “Esse cara é um câncer para o Amazonas, que infelizmente já criou a metástase.”

 
Contudo, um outro comentário favorável ao prefeito ainda chocou pela frieza. Identificado como “Manauara”, o internauta questionava: “A mulher vem de outro Estado, sem condição nenhuma, vai pro meio de uma área de risco e ainda é culpa da nossa Prefeitura? Tenha paciência”, escreveu em seu comentário.

 
SEM INTERESSE

Procurado pelo DIÁRIO, o governo do Estado do Pará informou , pela Secretaria de Estado de Comunicação, que não se manifestaria sobre o caso por não considerá-lo de interesse público.

 
Da borracha à Copa, rixa tem histórico

Em 2006, o pedreiro Gilson Marques foi assassinado com quatro tiros em Manaus após chamar de “paraense” o amazonense Aldemir Picanço. O caso virou manchete nas páginas policiais dos dois Estados, revelando que a intolerância e a discriminação entre os nortistas nada fica a dever às ofensas disfarçadas de brincadeiras travadas entre paulistas, cariocas, mineiros e baianos.

 
No caso entre Pará e Amazonas, a disputa por uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014, vencida por Manaus, apenas agravou a rivalidade popular. No Amazonas, porém, chamar alguém de “paraense” é tido como ofensa pessoal em alto grau.

 
A rivalidade até agora não chegou ao plano institucional. Os governos e as autoridades do Legislativo e do Judiciário dos dois Estados mantêm uma relação respeitável e amistosa. O último governador do Amazonas e hoje senador, Eduardo Braga, por exemplo, é paraense de nascimento.

 
A rivalidade entre os dois Estados é antiga e tem origem no começo do século XX, durante a era da borracha. O Pará tinha a segunda economia do país e em Belém famílias tradicionais mandavam os filhos estudarem na Europa. Os mais idosos relembram que nas ruas da capital paraense alguns ricos, mais esnobes, acendiam seus charutos com cédula de dólar americano.

 
Nessa época, a capitania do Rio Negro (Amazonas) era subordinada ao Grão-Pará. O porto de Belém, melhor aparelhado, concentrava as exportações para outros países, o que não era do agrado dos amazonenses, que se sentiam discriminados e preteridos nas transações internacionais.

Belém tem acesso por estrada às regiões Nordeste e Centro-Sul, o que não ocorre com Manaus.
Diário do Pará

Um comentário:

  1. Esse prefeito deveria era receber um castigo de Deus bem grande!Mas tudo tem sua hora e Deus proverà!

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