No hospital de Monte Alegre, a terça-feira foi tumultuada. No local parentes e amigos das vítimas que estavam no barco que naufragou procuravam por informações. A mulher do fotógrafo Ronaldo Ferreira, estava entre os passageiros.
“É muito angustiante porque existem muitas notícias e em nenhuma podemos ter certeza do que foi que aconteceu. A única certeza que eu tenho é que meu filho está em estado de choque. Ele estava com a minha mulher e o que sei é que ela não está com ele agora.” Disse Ronaldo.
Epitácio Rebelo perdeu três pessoas da família. A sobrinha, o marido e a filha dela.
“Ela trabalha e deixou o carro dela em Almerim. Tinha ido passar o Natal na casa da família dela.” Contou.
Num sobrevôo pelo lugar do acidente foi possível avistar uma imensa mancha de óleo no Rio Amazonas, além do pedaço da embarcação que não afundou completamente. Equipes de busca trabalham para tirar pessoas que estariam presas entre as cargas e nos camarotes.
Entre os sentimentos de dor e apreensão, para outros o susto passou. Carlen Sousa relata como conseguiu sobreviver ao acidente.
“Quando o barco bateu ele não demorou pra afundar. Ele foi logo afundando e foi logo virando. Foi o desespero de todo mundo. Meu tio que tava numa rede em cima da minha e da rede da minha tia virou pra procurar a gente. Foi ele que me pegou primeiro e nos salvou num isopor.”
Entre tantas histórias a de Dona Nézia Rebelo, sobrevivente, que viajava com o genro e a filha dela grávida de nove meses. Ela conta como a família conseguiu sobreviver ao acidente.
“Nós se agarramos numa sacola lá porque nos não sabíamos nadar. Eu coloquei minha filha que tava grávida em cima e nós saímos.”
O neto de Dona Nézia nasceu forte e saudavel na manhã desta terça-feira. Ele recebeu o nome de ‘Vitorino’ em homenagem ao sentimento de quem conseguiu sobreviver à tragédia.
Entre os passageiros que morreram no acidente estão três pessoas de uma mesma família. São eles: Eronildo Chagas, de 40 anos, Neuzilene Tavares de Oliveira, de 28 e a filha do casal, Jheniffer de Oliveira Chagas, de 3 anos.
A oitava vítima encontrada no final da tarde, foi Francinelza Sousa Ferreira conhecida como Neuza, de 41 anos, esposa do fotógrafo Ronaldo Ferreira.
Buscas
O sub-comandante do Corpo de Bombeiros em Santarém, Capitão Luís Cláudio informou que duas equipes de busca estão no local. Sendo uma com cinco militares especialistas em mergulho de Santarém e outra que seguiu de Belém direto para Monte Alegre. Até o momento 8 mortes já foram confirmadas. Os corpos já foram identificados, porém, nem todos os nomes foram divulgados.
Segundo o oficial, o barco Almirante Barroso, vinha para Santarém e tombou após bater em um banco de areia as proximidades do Farol do Peregrino entre os municípios de Prainha e Monte alegre, por volta das 22h00 de segunda-feira (21). Somente as 2h25 de terça-feira o Corpo de Bombeiros foi comunicado do acidente.
Peritos do Instituto Médico Legal de Santarém devem seguir para Monte Alegre, já que naquele município não há IML. Um avião do governo do estado dá suporte às ações. Além dos bombeiros, uma equipe da Delegacia Fluvial de Santarém também está na área do acidente
Da esq. para a dir. O fotógrafo Ronaldo Ferreira, que perdeu a mulher no naufrágio. O bebê Vitorino que nasceu no Hospital de Monte Alegre, a mãe dele estava no barco. As sobreviventes Carlen Sousa e Nézia Rebelo.
(fonte: no tapajós.com)
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