Os professores estaduais deitaram ao chão o portão da Alepa,
que não estava fechado, e tomaram o Palácio da Cabanagem. Eu não preciso dizer
para vocês que acho isso o máximo, principalmente porque o governador não sou
eu.
O presidente da Casa, e deputados de vários partidos, recebeu
os diretores sindicais que expuseram as reinvindicações da classe, reportando
que apelavam à Alepa porque não mais confiam nos negociadores do governo, a
secretária de Administração, Alice Viana, e o secretário especial Alex Fiúza,
pela condução desrespeitosa com que se têm portado no impasse.
> Tática equivocada
A dureza e a intransigência estabelecida pelos secretários é
justificável, pois governos são duros e intransigentes quando a linha do limite
prudencial é vislumbrada. Mas o alegado desrespeito é injustificável e labuta
politicamente contra o próprio governo.
É desinteligente um governo tratar o outro lado da mesa com
desdém: o interlocutor aceita dureza e intransigência, mas indelicadeza e má
educação, traduzidas em chistes mal elaborados, acaba com qualquer desejo de
transigir.
No momento em que Alex Fiúza comete a declaração acima,
desqualifica-se como negociador: a frase, se proferida pelo governador - que
jamais cometeria tal desatino - poderia até soar pertinente. Mas dita por um
secretário soa pernóstica e extrapolada.
Os professores, da mesma forma que eu, ou você, desejariam
trocar os seus respectivos carros todos os anos, mas isso nunca esteve, não
está, e jamais estará na pauta de reivindicações da classe.
> O que querem os
professores?
Em apertada síntese, querem o pagamento retroativo do piso, o
que resulta em uma despesa extraordinária, com pessoal, de R$ 72 milhões, que o
governo alega não poder despender sem romper o limite prudencial da Lei de
Responsabilidade Fiscal para a dotação.
Reivindicam ainda o reescalonamento da carga horária em
efetiva sala de aula e trabalho extra classe, o que de fato, é uma providência
que, mais tarde ou menos cedo, o governo terá que enfrentar.
> Engasgando com
mucuim
O tamanho do problema causado com os dois pontos é índice de
que o governo se entala com um mucuim, pois uma decisão política de redefinir o
perfil da folha de pagamentos para recepcionar R$ 72 milhões em 12 parcelas,
por exemplo, não é uma Hydra de incontáveis cabeças.
> Daqui eu não saio
Os professores não deixarão as dependências da Alepa enquanto
não forem recebidos pelo governador, único interlocutor por eles agora
credenciado, que deveria recebê-los, enquanto a classe ainda nele confia para
dirimir o imbróglio.
> Outra história
Quanto ao secretário Fiúza, custei a acreditar que dele tenha
saído tão insensato questionamento.
Quando eu era prefeito, demiti, durante uma entrevista em uma
emissora de rádio, um secretário por muito menos que isso, pois para
alimentar-me a enxaqueca, eu já tinha, de sobra, os adversários e
correligionários: secretários são para ajudar e não para atrapalhar. Fonte, Blog do Dep. Parsifal.
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