As rodovias, Transamazônica e Santarém Cuiabá estão bloqueadas
em um ponto onde elas se confluem, a 32 quilômetros de Itaituba (Ponte do rio
Água Preta), sentido Rurópolis, desde a manhã desta segunda-feira (21). O
bloqueio foi realizado por cerca de 500 trabalhadores atingidos pelos projetos
do complexo hidrelétrico do Tapajós. Eles exigem que a pauta de reivindicação
já em discussão com o governo avance. Entre os pontos reivindicados estão o
asfaltamento da Transamazônica e BR 163, aceleração do Programa Luz para Todos,
regularização fundiária e revisão das unidades de conservação que sobrepõem
assentamentos já existentes, além de políticas públicas nas áreas de educação,
saúde e segurança.
Participam da mobilização os trabalhadores organizados nos
Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba e Aveiro, além
de movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e associações de agricultores.
A manifestação deverá prosseguir até que seja apresentado
pelo Comitê Gestor Estadual do Programa Luz um cronograma de trabalho nas
comunidades e também abertura do dialogo com o INCRA para solucionar.
Desde o ano passado os trabalhadores vêm se...
... mobilizando e
cobrando do governo o avanço das pautas da região. Além disso, a mobilização
também denuncia o leilão do campo de Libra, que acontece hoje no Rio de Janeiro.
Essa região historicamente tem vivido ciclos de
desenvolvimento econômico (ciclo da borracha, madeira, ouro) e atualmente está
passando por mais um com os grandes projetos de infraestrutura impulsionados
pelo capital nacional e internacional e gerenciados pelos governos estadual e
federal, entre eles: o agronegócio, construção de portos e hidrelétricas.
Para Iury Paulino, da coordenação nacional do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB), a ameaça de construção das hidrelétricas no rio
Tapajós já atinge essa população. “Por isso avaliamos de extrema importância à
consolidação de uma política nacional de direitos dos atingidos, inclusive com
o direito de dizer não às barragens”, declarou Paulino.
Mesmo com o plano de investimento para região, a população
não tem sido contemplada com políticas públicas. Nesse sentido, Paulino afirma
que “o governo federal deveria fazer um amplo plano de recuperação regional na
perspectiva de melhorar a vida das pessoas e superar os prejuízos dos vários
anos de ausência do Estado”.
As demandas dessas populações são históricas, decorrentes do
processo de ocupação impulsionadas pelo governo no período da Ditadura Militar,
ainda nas décadas de 70 e 80. Pessoas de diversos estados brasileiros migraram
para a região com promessas de desenvolvimento. Desde então, as populações que
habitam a região vivem num completo abandono por parte dos governantes.
“O governo apenas promete resolver os problemas do povo e não
cumpre, por isso vamos continuar na luta por nossos direitos”, afirma Maria do
Socorro, presidente do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Itaituba.
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